ESCOLA ABERTA PARA ESPERANÇAR
É com sentimento de esperança que vejo terminar mais um ano. Não podíamos encerrá-lo sem abrir as portas da nossa escola. Abrimo-la para fechar um círculo que se expande em espiral a outra esfera. É da escola popular ser o umbigo de toda uma comunidade. A ela acorrem todos por alegrias ou dores. Foi com dor no coração que a mantivemos fechada, mesmo que parcialmente, por longos dezoito meses. Agora, em véspera de findar o ano, abrimo-la para atender a tantos quantos a ela acorreram a bater à porta.
Muitas mães, pais, estudantes e familiares muitas das vezes acorreram à escola pelas mais diversas razões. Tudo circunda a escola, principalmente neste momento difícil por que passa o país. Momento de fome, de desemprego, de abandono, de violência, de luto e de muita luta para viver. Todos de uma forma ou outra chegam à escola. Devíamos abrir a escola para abraçar, acolher e dar esperança. Esperança que me toma também no encerramento deste ano.
Ao longo da Pandemia, 4 milhões de crianças e adolescentes entraram em processo de evasão e abandono da escola por todo o Brasil. No último ano, uma em cada quatro mulheres sofreram violência doméstica. Os lares se tornaram ambientes mais hostis, atingindo 17 milhões de mulheres e consequentemente crianças e adolescentes. A violência também nasce da fome: a pandemia e a falta de políticas governamentais sérias levaram 19 milhões de brasileiros de volta a níveis graves de insegurança alimentar.
Por estas e outras razões não medimos esforços para reabrir a nossa escola. A escola é a possibilidade de devolver o mínimo de dignidade a quem se vê abandonado pelo Estado. Abrimos a escola na esperança de quem os poderosos agilizem a chegada da vacina para as crianças, para dar enfim segurança sanitária a que possamos reerguermo-nos dos escombros a que fomos todos lançados. Abrimos a escola para ser abraço a quem de tudo carece.
Renovemos a esperança de que o ano vindouro nos fortaleça para reencontrar o que foi perdido, para reconstruir o caminho do saber e do conhecimento, para refazer esta nação e devolvê-la ao trilho da justiça social. Que possamos vencer o desemprego e a fome, que retornemos o curso do cuidado ambiental, da defesa das florestas, do cuidado com o outro, com afeto, com respeito e tolerância. A escola estará aberta para juntos esperançarmos e juntos nos refazermos.
Edilberto C. – Educador Sim
O Abraço de Esperança. Arte de Moçambique. Pinturas de Moçambique. Obra de João Timane.
(8) Edilberto Cleutom Santos | Facebook
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