CNTE REPUDIA PERSEGUIÇÃO A PROFESSORES
Educadores de todo o Brasil se solidarizam com a professora de geografia de Bonito/MS que, depois de gravada em sala de aula, foi coagida por “menosprezar o agronegócio”
Nessa semana, repercutiu a notícia de que uma aluna do 9º ano da Escola Estadual Bonifácio Camargo Gomes, de Bonito (MS), gravou a sua professora de geografia e, insatisfeita com o conteúdo da aula, levou a sua queixa ao pai. Em ato contínuo, o pai da estudante foi se queixar da docente ao prefeito da cidade (!!!) que, imediatamente, por meio da Secretaria Municipal de Educação, acionou a direção da escola para repreender a professora. Tratava-se de uma aula sobre os desafios das questões ambientais no Brasil e, queixosos do tom crítico ao modelo do agronegócio e seus impactos no meio ambiente, o pai e a estudante se prestaram ao papel de tentar censurar a professora.
O caso é emblemático ao indicar a triste situação em que nos encontramos e, infelizmente, não se trata de caso único e exclusivo. O fato revela mais uma tentativa de impor censura e restrição à liberdade de ensinar dos/as professores/as, direito assegurado no artigo 206 da Constituição brasileira. Desde a chegada ao governo de Jair Bolsonaro, o movimento autointitulado “Escola sem Partido” ganhou proeminência ao fomentar esse tipo de perseguição que se vê nos dias de hoje. Nada mais sintomático dos tristes tempos em que vivemos é ver estudantes e famílias se colocando contra professores/as, transformando em algozes aqueles/as que deveriam ser, no mínimo, reverenciados/as por todos/as. O/A professor/a propicia o desenvolvimento do espírito crítico dos estudantes, que é forjado também no ambiente escolar.
Não nos calarão e tampouco deixaremos de denunciar essas práticas e ações que insistem em acontecer pelo Brasil afora. O Supremo Tribunal Federal já indicou a inconstitucionalidade desse movimento “Escola sem Partido”, mas como temos um presidente da República que elegeu a educação como inimiga da nação, esse clima de perseguição a professores, por questões de cunho político, religioso ou de gênero, reverbera por todo o Brasil. Nossa solidariedade à professora de Bonito!
Brasília, 16 de dezembro de 2021
Direção Executiva da CNTE
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