domingo, 16 de abril de 2023

O TERRORISMO E A PARANOIA SOCIAL OU POR QUE EU DEFENDO A ESCOLA * Juventude Comunista Revolucionária/JCR

O TERRORISMO E A PARANOIA SOCIAL OU POR QUE EU DEFENDO A ESCOLA


Minha filha pegou-se subitamente a ler Kafka. Iniciou com a Metamorfose e, pela tentação deste mistério, mergulhou na leitura de o Processo. Não o fez por influência minha como porventura possam pensar; pelo menos não mais do que pelo fato de ela conviver com esses livros em casa, algumas vezes sendo lidos outras não. Fê-lo porque já faz algum tempo que ela optou por se tornar uma leitora, isso mesmo, ser leitor é uma opção e só se faz quando disso nos tornamos convictos. Aos treze anos recentes ela enveredou pelos corredores confusos do processo kafikiano. 

Conto este fato inicialmente porque tenho comigo a interpretação de que, se estivermos antenados com o mundo, somos conduzidos a ler aquilo que o represente e nos permita nele interferir. Minha filha encontrou Kafka e este lhe revela o mundo que ora vivemos. O processo de Kafka, cuja escrita começou em 1914, em tese nada tem que ver com o mundo de uma quase adolescente nascida em 2010, mas seu enredo muito diz sobre a sociedade claustrofóbica e terrorista que vivemos. No romance Joseph K se emaranha em um processo que o acusa sem que saiba qual seja sua culpa, tendo de se defender sem sequer conhecer a acusação, e todas as pessoas com quem tem de lidar tampouco sabem mais que ele, salvo que, igualmente, devem cumprir o processo sem sequer saber por quê.

O ambiente da obra é paranoico e claustrofóbico. Paranoico porque Joseph se sente perseguido sem sequer ter a causa e o motivo. Claustrofóbico porque inicialmente a justiça lhe impõe a prisão no próprio quarto. Posteriormente se vê preso na intriga burocrática de um processo sem sentido ou sem motivo. Joseph está preso pela dúvida de qual seja seu destino ou seu pecado. Vive por isso como todos nós vivemos: alienado de si, do mundo e de todos. E todos, como ele, são igualmente alienados. O tecido da verdade se esgarçou, e todos vivem presos da incerteza.

Estamos vivendo este "processo". Subitamente todos e todas nos pegamos atacados e atingidos pelo susto do invisível. Amedrontados nos tornamos paranoicos e quanto menos sabemos maior se torna o nosso medo. O medo que nos toma é orquestrado: impõe-se de fora para dentro. Vem de algum lugar, de qualquer ponto, e nos aprisiona sem sequer sabermos quem ou qual o inimigo. O ataque vem de todo lado, se espalha como um vírus invisível, atinge-nos por não sabermos nada e força-nos a nos prender em casa, em casa nos prendemos numa rede social e abstrata de onde replicamos nosso medo. Vítimas da paranoia coletiva, espalhamos de forma alienada o medo para que se multiplique.

No rol das incertezas da loucura, ao menos um ponto se destaca: seja uma doença que se espalha acelerada, a violência do crime organizado, e a violência da loucura terrorista, em todo caso, uma das grandes vítimas é a escola. Em todos esses casos a escola foi de antemão o alvo claustrofóbico. Fechar a escola, seja pelo descaso do poder público que não vê no saber o seu valor, seja pela loucura social que nos domina,  o alvo do doença é a escola. 

De algum modo a sociedade louca, imersa na doença do espírito, antipatiza com a infância e com a escola, como se a nos dizer que apenas ela poderia nos salvar da ignorância, da clausura provocada pela alienação, da paranoia do delírio social, pois nos traria a lucidez, luz ao espírito, clareza de ideias, liberdade, por isso é a escola a inimiga das forças invisíveis da maldade, das redes sociais, da deep web, do poder político corrupto. O processo de Kafka está em curso. Ao meu ver o que nos há de salvar é que uma criança, com tenros 13 anos de idade, em tempos em que se fecham bibliotecas e junto com essas as escolas, sente o desejo inexplicável da leitura do autor que anteviu nossa loucura.

Edilberto C. - Educador Sim
FLAVIO DINO
COMUNIDADE ESCOLA
&

RECADO DA PROFª CAMILA

Que tal partir da gente, como pais, um dia de compaixão, amor e gratidão nas escolas do Brasil? E que tal o dia 20 de abril, próxima quinta-feira? 


Cada criança leva uma flor, um bombom, um cartão, um abraço para ser distribuído entre professores, colegas, coordenação, direção, toda a equipe de limpeza.


Precisamos mudar o foco para um movimento positivo e construtivo. Vamos produzir momentos para compartilhar o bem, dentro e fora do colégio. Cada um compartilha aí uma frase pelo que é grato dentro do ambiente escolar. Lembre-se da época em que era criança, adolescente dentro de uma instituição de ensino.


Vamos viralizar esse post e também o sentimento de compaixão!

Dia 20.04.2023, próxima quinta, compartilhe o bem dentro e fora do colégio!

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